“Então um dos anciãos me disse: ‘Não chore! Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos’. Então vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, de pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra.” Apocalipse 5:5-6
Quando lemos algum trecho de Apocalipse, ou simplesmente abrimos nossas Bíblias nesse livro profético, na maioria das vezes já nos lembramos de fim dos tempos, bestas, selos, marcas e etc. Isso porque com certeza já ouvimos diversas pregações com esses temas.
Mas devemos ter em mente que assim como toda a bíblia se destina a falar de Jesus, o livro de apocalipse também traz uma mensagem cujo o centro é Jesus Cristo! Pregar o Evangelho significar pregar uma mensagem cujo centro é Cristo também, se nós só pregarmos sobre as bestas, se só focarmos as bestas em Apocalipse, não há evangelho nenhum. Porém as vezes caímos nesse erro e pregamos mais sobre as bestas de apocalipse, do que sobre o próprio Cristo em Apocalipse. Nós não podemos falhar em colocar Cristo e o amor de Deus no centro da mensagem desse maravilhoso livro profético.
A seguir temos alguns versículos que evidenciam a presença de Jesus na mensagem de apocalipse:
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O centro da mensagem de Apocalipse não é os EUA, não é o Papa, não é Roma, nós podemos notar que sem duvidas, Jesus é o centro dessa mensagem.
No capitulo 5 de Apocalipse Jesus é citado e a característica em foco é sua morte. (Ap 5:6,9,12). Jesus vem sendo lembrado por sua morte e sacrifício. Um Deus redentor como diz em Apocalipse 1:5, “Ele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue”. O sacrifício, especialmente o de Cristo é central no antigo e novo testamento: No antigo, temos o cordeiro pascal, cordeiro do sacrifício diário. E no novo testamento Jesus como significado desses símbolos (Jo 1:29, 1Co 5:7). A cruz de Cristo tem sido muito falada, Jesus é muitas vezes colocado como o Cordeiro, não é novidade para qualquer um de nós a afirmação que “Jesus morreu por nossos pecados” ou que “Jesus pagou o preço por nós.” Sempre falamos em Jesus e sua cruz, exaltamos a morte na cruz como um ato heroico.
Mas esta faltando falar uma coisa! O Cordeiro não é apenas sofrimento, não é apenas morte, abnegação, sacrifício ou cruz.
“Eles gritavam às montanhas e às rochas: “Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro!” Apocalipse 6:16
O Cordeiro é justiça, é ira; Jesus é justiça e ira. Contudo, é normal as pessoas não gostarem de falar da ira de Deus; mas a Biblia traz para nós mais de 580 referencias a ira de Deus. De que forma podemos entender essa ira? Como entender que um Deus de amor pode ser um Deus de ira?
A ira de Deus não pode ser comparada a ira humana, a ira de Deus é uma função de seu amor. Deus odeia o pecado, que continua a destruir a vida e a felicidade de suas criaturas. Ele esta farto de ver bebes morrendo, o sofrimento causado pelo câncer, ou o sofrimento causado pela deficiência visual e tantas outras enfermidades, cansado de estupros, assassinatos, roubos e holocaustos. Deus não irá assistir para sempre o sofrimento de suas criaturas. É por isso que ele ao se apresentar como cordeiro, Ele também se apresenta como Leão da Tribo de Judá (Ap 5:5). É então que a ira do cordeiro entra em cena, é ai que o Leão da Tribo de Judá se apresenta, vindo do céu montando em um cavalo branco para por fim ao problema do pecado e a miséria causada por ele.
Se nós pregarmos apenas as bestas de apocalipse não temos evangelho, se pregarmos apenas o cordeiro teremos metade do evangelho. Esta faltando dizermos que o mesmo Deus que ama, também odeia o pecado, que o mesmo Deus que veio salvar-nos do pecado, virá para destruir o pecado e os que estiverem apegados ao pecado.
O Cordeiro pode ter sido morto, O Cordeiro pode ter sido imolado, pode ter sido sacrificado. Mas os Filhos de Deus continuam sofrer! Precisamos do Leão da tribo de Judá para por fim a esse sofrimento. O auge da obra do cordeiro, o auge do trabalho, e do sacrifício do cordeiro está na sua função como Leão da Tribo de Judá.
Nós temos a missão de pregar uma mensagem de temor (Ap 14:7), dizer para as pessoas que temos que temer a Deus em pleno século 21 é algo difícil, algo impopular. Mas essa é a verdade, sempre foi e sempre será, Deus não tolerará para sempre as atitudes pecaminosas que continuam a destruir os seus filhos.
O juízo, as profecias, a visão apocalíptica são a razão do adventismo. Se o adventismo não pregar sobre a ira do Cordeiro, sobre o Leão da Tribo de Judá e apenas se prender ao sacrifício e a cruz de Cristo, nós anulamos o adventismo, pois ele torna-se apenas mais uma religião a proclamar uma cruz que perdoa os pecados mas não os extermina.
Além de muitas vezes termos dificuldade em colocar Jesus no centro de Apocalipse e ressaltar a função de Cristo como Juiz, muitos de nós tem dificuldade de viver a mensagem Adventista, deixando de lado a reforma de saúde, o Espirito de Profecia, e até mesmo os estudos de Daniel e Apocalipse. Em contrapartida tem se tornado comum usarmos materiais do meio evangélico em nossas reuniões; principalmente músicas. Devemos ter cuidado ao selecionar materiais desse tipo, pois temos a interpretação profética de que Igrejas que aceitam o domingo e outras doutrinas anti-bíblicas, são nada mais do que filhas da babilônia espiritual. Somos muito inexperientes a vista de um inimigo que já possui cerca de 6000 anos de experiencia no pecado. Tudo o que um autor, compositor, cantor pode passar em sua obra, são suas próprias crenças.
O que quero deixar claro é que por vezes, deixamos nossa mensagem de lado e passamos a nos alimentar de mensagens semelhantes a nossa, mas que contem erros cruciais. E mais uma vez devemos cuidar de nosso exemplo/testemunho; para nós podermos dizer que “não tem nada a ver” porque sabemos o que estamos fazendo, mas e o mundo? O que vão pensar quando nos verem misturados com outras igrejas que pregam um evangelho que acreditamos ser incompleto? Com certeza pensarão que somos apenas mais uma Igreja no meio de muitas.
Nessa nossa anulação e ambientação no meio evangélico, Satanás tem nos incitado a deixar o Espirito de profecia. No antigo testamento, o povo de Deus havia se esquecido de sua lei, não a praticavam mais, e quando o Rei Josias descobriu a Lei, rasgou suas vestes e disse “porque grande é o furor do SENHOR.” 2 Reis 22:13; Hoje se o rei Josias encontra-se o livro “Conselhos sobre Regime Alimentar”, “A Ciência do Bom Viver”, ou “Evangelismo” não diria o mesmo?
Nós precisamos nos apegar a nossa mensagem profética, ela é a nossa identidade. O adventismo nunca se viu como apenas uma denominação, e foi essa compreensão de singularidade, de possuir a verdade que deu poder ao movimento adventista. Apesar de ser uma denominação evangélica, nunca foi meramente evangélica, mas sempre foi um movimento evangélico com uma mensagem profética.
Logo no inicio do século 20, as principais denominações protestantes, ao perceberem a imensidão do campo missionário, decidiram dividir certas áreas do mundo entre os anglicanos, metodista, presbiterianos e assim por diante. Mas os adventistas não quiseram fazer parte dessa abordagem. Reivindicaram o mundo inteiro como sua esfera de ação e influencia. Parece até arrogante, mas porque tomar essa decisão? Porque eram impulsionados pela profecia, por uma visão apocalíptica e acreditavam que o mundo inteiro precisavam conhecê-la!
Segundo o Professor George Knight em seu livro “A Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventismo”, isso se chama “arrogância santificada”, graças a isso o adventismo é hoje o grupo protestante unificado mais amplamente disseminado da historia do Cristianismo.
Jesus tinha essa “arrogância santa”, Ele disse ser e ter a verdade (Jo 14:6). Chamou os lideres religiosos e os maiores intelectuais de sua época de hipócritas e de sepulcros caiados. Jesus tinha convicção de sua mensagem e conseguiu com apenas 12 homens não instruídos, eternizar a Sua Palavra. É essa mesma convicção que os mileritas tiveram após o grande desapontamento, e é dela que precisamos para finalizar essa grande obra que se encontra em nossas mãos, a obra de mostrarmos um Cristo que não tolera o pecado e a desobediência! O Cordeiro, e a exaltação de seu sacrifício é apenas metade do evangelho, ainda temos um Jesus como um feroz Leão, o Leão da Tribo de Judá.